"Putinha Terrorista"  é uma manifestação de arte guerrilheira, inspirada pelo conceito teorizado pelo crítico de arte e pesquisador Frederico Morais na década de 1970 no Brasil. Durante o período da ditadura militar, esse crítico adaptou estratégias usadas por guerrilheiros urbanos para explorar como a arte pode desafiar as fronteiras entre arte e vida, por meio da surpresa, e transformar o espectador em refém de uma experiência artística.

 

Neste caso específico, a artista distribui 10.000 panfletos de prostituição durante o vernissage, contendo números de telefone e endereços de galerias de arte e museus que a convidaram para expor, mas não a remuneraram pelo seu trabalho. Essa performance busca operar dentro da lógica da crítica institucional e é realizada sem autorização, provocando uma situação surpreendente para o espectador.

 

Ao distribuir esses panfletos, a artista está questionando o sistema de valorização e exploração do trabalho artístico. Ela destaca a contradição entre a valorização e o reconhecimento simbólico conferidos pelas instituições artísticas e a falta de remuneração ou reconhecimento financeiro para os artistas. A performance tem como objetivo expor as relações de poder, desequilíbrios e injustiças presentes no mundo da arte, questionando as instituições que não fazem a sua parte em apoiar e reconhecer os artistas.

 

Essa performance guerrilheira busca desestabilizar as fronteiras entre o público e o privado, questionar as normas institucionais e gerar um momento de desconforto e reflexão para o espectador. É uma maneira de criticar e contestar as estruturas estabelecidas, buscando ampliar o diálogo sobre o valor do trabalho artístico, a ética nas relações institucionais e a redistribuição de poder no campo da arte.